Propostas do Governo e do PS

Estratégia comum contra<br>o povo e o País

Jerónimo de Sousa considerou, segunda-feira, os programas anunciados pelo Governo e o cenário programático apresentado pelo PS componentes de uma mesma estratégia de «exploração, empobrecimento e declínio nacional».

PS, PSD e CDS convergem naquilo que é estruturante e essencial

Image 17982

Numa declaração aos jornalistas proferida a meio da tarde de dia 27, o Secretário-geral do PCP chamou a atenção para a «identificação quer do Programa de Estabilidade e do Programa Nacional de Reformas apresentados pelo Governo quer do conjunto de medidas adiantadas pelo PS com a mesma política que conduziu o País à actual situação». Perante tal convergência, realçou o dirigente comunista, «mais se reforça a inadiável necessidade de romper com a política de direita», ou seja, com os interesses dos monopólios, com as imposições da União Europeia e com o processo de subversão da Constituição da República.

Estabelecendo algumas das diferenças fundamentais entre as opções de PS, PSD e CDS, por um lado, e do PCP, por outro, Jerónimo de Sousa sublinhou que se os primeiros propõem a «continuação da transferência de riqueza para o grande capital por via dos mais de oito mil milhões de euros anuais de juros da dívida pública», o PCP defende a «renegociação dessa mesma dívida nos prazos, juros e montantes, reduzindo significativamente os seus encargos anuais». Da mesma maneira que enquanto PS, PSD e CDS promovem a abdicação da produção nacional, o desemprego e a continuação do confisco de salários e pensões, o PCP bate-se em defesa da agricultura, das pescas e da indústria e da criação de emprego e propõe a «devolução daquilo que foi roubado».

Mas há mais diferenças e Jerónimo de Sousa enumerou-as: enquanto PS, PSD e CDS pretendem reconfigurar o Estado ainda mais ao serviço dos grandes interesses económicos e propõem a continuação da política de privatizações, os comunistas defendem os serviços públicos e as funções sociais do Estado e a exigem a «recuperação do controlo público dos sectores básicos e estratégicos da nossa economia»; quanto à política fiscal, os partidos da política de direita pretendem continuar e aprofundar o favorecimento do grande capital e o PCP quer, por outro lado, aliviar a carga fiscal sobre os trabalhadores, o povo, as micro e pequenas empresas.

Também no que respeita à União Europeia as diferenças são abissais: PS, PSD e CDS pretendem manter a submissão actualmente existente, ao passo que o PCP propõe a «desvinculação de Portugal do Tratado Orçamental, dos mecanismos da chamada “Governação Económica” e de outros constrangimentos, para recuperar e afirmar a soberania nacional».

Convergência no essencial

A convergência, naquilo que é essencial, entre os partidos do Governo e o PS ficou uma vez mais à vista com a apresentação destes documentos, garantiu Jerónimo de Sousa. Se os documentos aprovados pelo Governo mantêm o País amarrado às imposições e orientações da União Europeia, desmentindo a «propaganda mentirosa sobre a saída limpa do programa da troika», as propostas do PS confirmam a sua aceitação da condenação de Portugal a uma «política determinada pelos interesses do capital transnacional e comandada pelo directório de potências, e pela Alemanha em particular».

Os programas do Governo e as propostas do PS são, assim, «produtos das mesmas opções políticas e económicas determinadas pela mesma subordinação aos interesses dos grupos económicos e dos centros do capital financeiro», precisamente os mesmos que «têm justificado o saque dos recursos nacionais que, de PEC em PEC até ao pacto de agressão têm unido PS, PSD e CDS». Considerando-os «instrumentos desse mesmo objectivo», Jerónimo de Sousa garantiu que diferenças, a haver, estão apenas no ritmo e intensidade de uma ou outra medida, ou numa qualquer proposta acessória lançada para «disfarçar o essencial». 


Descubra as diferenças

Com o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas o Governo pretende «prolongar até 2020 a política de exploração e retrocesso imposta ao povo e ao País». A acusação é de Jerónimo de Sousa que denunciou as manobras com que o Executivo PSD/CDS procura mistificar as suas reais intenções: assim, quando afirma que devolverá parcialmente os rendimentos roubados, o que realmente quer dizer é se propõe «continuar a confiscar salários e pensões, aprofundar a retirada de direitos aos trabalhadores, continuar a atacar os serviços públicos e as funções sociais do Estado» e prosseguir o «brutal saque fiscal aos trabalhadores» e o favorecimento do grande capital nacional e transnacional.

Novos cortes de 600 milhões na Segurança Social e de 380 milhões no funcionamento dos serviços públicos, a par da perpetuação de pelo menos três quartos do «enorme aumento de impostos» – leia-se IRS – verificado em 2013 são outras das medidas adiantadas pelo Governo. Ao mesmo tempo, denunciou Jerónimo de Sousa, visam reduzir durante seis anos consecutivos a taxa do imposto de incide sobre os lucros das empresas, eliminar a contribuição sobre o sector energético e reduzir as contribuições do patronato para a Segurança Social.

O Governo, como o PS, ignora o carácter insustentável da dívida pública – que até 2020 levará, só em juros, 60 mil milhões de euros –, admite passivamente a continuação do desemprego estrutural acima de um milhão de trabalhadores nessa situação. Da mesma forma que o PS, à semelhança da coligação PSD/CDS, quer manter o confisco dos salários dos trabalhadores da administração pública, a brutal carga fiscal sobre os trabalhadores e as mais gravosas normas do Código do Trabalho. Quer, também, manter em sede de IRC os «instrumentos que permitem aos grupos económicos e financeiros realizar um “planeamento fiscal” para facilitar a fuga aos impostos» e prosseguir a política de privatizações.




Mais artigos de: PCP

Pelo direito à habitação

Jerónimo de Sousa participou, no dia 23, num encontro com moradores do «Bairro Amarelo», na freguesia da Caparica, em Almada, onde reafirmou a solidariedade do PCP com a luta dos moradores deste e de outros bairros contra a famigerada lei das rendas, mais conhecida por «lei dos despejos»....

Combater a violência doméstica

A defesa dos direitos das mulheres é uma causa constante da luta do PCP, que promoveu recentemente um debate sobre o combate à violência doméstica.

Melhores condições para a luta

O PCP conta, desde o passado dia 26, com um novo Centro de Trabalho no Sobral de Monte Agraço. Na inauguração participaram muitos militantes e simpatizante do Partido naquele concelho do Norte do distrito de Lisboa (onde os comunistas têm elevadas responsabilidades autárquicas desde o 25...

PCP comemora Vitória

O PCP vai assinalar os 70 anos da vitória sobre o nazi-fascismo no dia 8 de Maio com um acto político-cultural de comemoração a ter lugar no Auditório da Escola Secundária de Camões, em Lisboa, pelas 18 horas. Intitulada «Para que nunca...

<i>O Militante</i> destaca Vitória

«Comemorar a Vitória. Lutar pela paz, contra o fascismo e a guerra» é o título de capa da edição de Maio/Junho da revista O Militante, que evoca os 70 anos da derrota do nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial. O tema é abordado no interior em dois artigos: um,...

Faleceu Maria da Piedade Gomes

Faleceu anteontem Maria da Piedade Gomes, militante do Partido há 75 anos, boa parte dos quais como funcionária clandestina. Na nota emitida pelo Secretariado do Comité Central, destaca-se a «dedicada e corajosa militante comunista que desde muito jovem se entregou à luta em defesa dos...

Mais força à luta

Sob o lema «Valorizar o trabalho e os trabalhadores», realizou-se, na terça-feira, 28, em Lisboa, uma audição para construir o Programa Eleitoral que o PCP apresentará às eleições para a Assembleia da República.

Há 41 anos, o primeiro CT

O PCP assinalou, anteontem, o aniversário da abertura do seu primeiro Centro de Trabalho. Foi no Barreiro, a 30 de Abril de 1974, apenas cinco dias após o derrube do governo fascista de Marcelo Caetano. Na evocação, realizada na rua onde funcionou esse primeiro Centro de Trabalho, estiveram...

<i>Apagão</i> do PCP

A passagem de mais um aniversário sobre a Revolução de Abril, acto e processo mais moderno e avançado da nossa época contemporânea, foi alvo de tratamento profundo – nuns casos mais, noutros menos – por parte da nossa comunicação social. Muitos foram os...